domingo, 22 de agosto de 2010

Knock out


Incheon, Coreia, 5h00Am:


Acordei agora, como de resto, todos os outros dias desde que cheguei.
Estava a sonhar com uma festa de inicio de epoca no Scp com treinadores novos e lembrei-me de escrever

Questionava-me da razao pela qual neste tipo de sitios as provas tem tao pouco nivel, o prize moneys sao tao altos e a organizacao nos paga tda viagem.
Num ambiente espectacular numa parte nova da cidade, so hoteis de 5 estrelas, 5 faixas cada estrada e 6 nos cruzamentos, as pessoas nao falam ingles e ha uma poeira no ar que nos impede de respirar. Tudo aqui 'e a frente: parece que estao a viver alguns anos a nossa frente.

40 graus, humidade de 80%. Procurava pontos que me ajudassem a subir no ranking e me ajudassem a salvar esta epoca, que desde que comecou, nao senti nenhuma vez a sensacao de forma, daquelas que nos faz correr mais depressa, independetemente se ganhamos ou nao, sem limites e independentemente de quem esteja presente: isso nao interessa... eu ganho na mesma.
Um Inverno duro e muito trabalhoso, com algumas limitacoes, sempre na esperanca de vir a colher os frutos, ainda que sabendo que poderia levar o seu tempo. Importava acreditar. Importava gostar de sofrer, importava querer.

Ontem foi mais uma pagina e mais uma experiencia do meu livro como pseudo atleta:
Preparei tudo ao pormenor: sabia que ia ser duro. Tentei comer porque ando sempre no limite do meu peso, tentei beber, e ate levei mais um biberon so para me molhar durante a bicicleta. O nivel estava fraco, era muito facil fazer um bom resultado nao fosse o nosso principal adversario a luta conosco proprios.

Agua a 32 graus, nunca tinha visto nada assim. Assim que suou a busina, houve uma falsa partida (juro que desta vez nao fui eu). Todos partimos logo depois, incluindo eu. Aos homens ja tinha acontecido o mesmo, o que nos deixou de acreditar que as coisas conosco iam ser feitas de forma mais justa.

Custou-me aquele inico, sabia que eram poucas as adversarias e com isso a probabilidade de se formar um grupo alem daquele. No final da primeira volta tinhamos que sair pelo pontao e voltar a entrar na agua. Nesse instante a correr em cima do pontao, comecei a sentir uma coisa estranha, ja nao via mto bem. Achei que tinha sido do pontao flutuante que nao estava estavel.

Foi duro ver o grupo a ir embora sem ter forca para continuar. Tinha perdido cerca de um minuto. Tentava dar mais as pernas, aos bracos pensar na tecnica, foi estranho pensar em tudo, em tdas as alturas em que foi mais duro treinar do que competir. Pensei que aquilo nao poderia ser nunca comparavel ao esforco que se fazia na piscina em tantas alturas e tantos treinos que fiz ate hoje.
Mas foi...

A chegada ao parque foi penosa. Era uma corrida contra o tempo. Levava a minha frente 2 miudas e a minha unica esperanca de chegar ao grupo da frente.
Assim fiz: montei-me na bicicleta numa transicao muito rapida e deixava para tras uma delas.
Sorte ou azar, apanhei uma australiana que me levou completamente ao limite.

Era o tudo ou nada: ou me agarrava e sofria ou nunca mais ia apanhar o grupo. Nao consegui ajuda-la uma unica vez, mesmo com o primeiro grupo cada vez mais proximo.
Foi uma luta dura. Foi o meu corpo no limite com sensacoes completamente estranhas para mim.

Mas nunca pensei que viesse a ter estas consequencias. Morri na praia... o preco a pagar e as consequencias da minha ganancia devastadoras: descolei na bicicleta numa situacao em que nunca deveria. Fazer um esforco para chegar ao grupo, quase apanha-lo e descolar.

Mais uma vez, tudo me passou pela cabeca: so dizia. Nunca peco nada que nao seja merecido, mas desta vez, so desta vez, so mais um bocadinho...
Mas nao se trata de merecer ou de querer. Agora tratava-se de poder.

E eu nao podia mais. Estava no meu limite.
Com dificuldade consegui chegar ao parque. Lembro-me de me pedirem o chip e me perguntarem se tinha desistido. DESISTIR... EU... nem com isso me importei. 'E tudo o que me lembro. Tenho umas flaxadas da ambulancia. De me cairem as pernas e de me porem novamente em cima da maca.

Depois de recuperar, e ate voltar ao hotel foi uma aventura a fugir de fato de banho para apanhar a ambulancia que trazia do sitio para onde queria ir uma pessoa no mesmo estado que eu.

Bem, aventuras aparte... so para avisar que para o ano estou ca outra vez. Macacos me mordam se nao ganho uma destas um dia destes. A luta 'e contra mim, nao contra as outras.

Nao esta facil decidir. Mas nao posso desistir apesar de a epoca ja ir longa. Tenho que me aguentar para o mundial.

Um dia de cada vez...

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Por falar em gaveta secreta...

É incrível a quantidade de vezes que as pessoas entram e saem da minha vida, sempre sem pedir licença...