sexta-feira, 1 de maio de 2009

Uma aventura no Hospital: capítulo 1

Fui pensando numa maneira de escrever este post.
Escrevi e voltei a escrever e isso fez-me pensar na razão pela qual temos que pensar que as coisas tem uma ordem.

A verdade é que até há uma semana tinha a minha a vida toda organizada e planeada até aos próximos 2 anos e agora de repente tenho a vida de pernas para o ar.
De repente e simplesmente, o peixe deixou de pertencer ao mar e os frutos deixaram de pertencer as árvores.

Afinal porque não posso simplesmente falar daquilo que penso na altura e voltar atrás para falar daquilo que se passou no inicio? decidi dar prioridade áquilo que mais me marcou.

A minha frente tenho duas velhotas, como de resto todo este piso, que acolhe pessoas com problemas similares ao meu.

SIM, também nos acontece a nós, a verdade é que nunca pensamos nisso.

Para todos aqueles que estão comigo, peço-lhes que a minha estadia não seja em vão e que vos sirva de aviso; afinal não é preciso sermos assim tão mal comportados.


Durante a minha permanência aqui, fui tirando o melhor partido das coisas:

Afinal é tudo uma questão de perspectiva: andava há 3 semanas a pensar que seria uma coisa mais grave (um cancro ou assim) e imagine-se: afinal foram SÓ 3 tromboses.

Toda a gente ficou muito assustada, pois meus amigos, digo-vos do fundo do meu coração que me sinto perfeitamente descansada. Assustada andava eu quando não sabia o que tinha.

Por outro lado, é mais uma circunstância da vida, que tenho a certeza me vai fazer ainda mais forte.


Observo atentamente estas duas "jovens senhoras" que estão frente uma da outra:

1 - Uma completamente lúcida e não se mexe (sabe inteiramente o que diz, super inteligente). No entanto está sempre triste porque sabe para onde caminha.

2 - Outra que é sonâmbula, fala pelos cotovelos mas acha que daqui a pouco estará em casa a desfiar a galinha para fazer uma canjinha. Até já disse que vai guardar as patas para logo a noite quando os filhos lá forem jantar. Até diz que conhece um sitio onde arranja as unhas por 4 escudos... quem arranjar mais barato que se acuse que o jumbo paga a diferença. Ontem falava com um amigo e despedia-se dele, dizia que amanha passava lá em casa.

Conclusão: qual dessas velhotas sou eu?

Acreditar é a palavra de ordem e a esperança a única coisa que nos mantém calmos.
Quem diria que eu, Maria Papoila que não pára quieta estaria numa cama de hospital, a avaliar o comportamento de pessoas que já fizeram mais do que eu não sei se algum dia terei hipótese de fazer.

Se puder escolher, porque ninguém me impede de pensar naquilo que quero, escolho, indubidalvelmente ser a senhora das patas de galinha. Mentia se dissesse que os momentos de lucidez não me passam pela cabeça; mas quando isso acontece penso nos momentos em que acreditei quando ninguém acreditava e que me fez chegar onde sempre quis.

A única coisa que posso concluir é que passo mais tempo a rir do que a chorar…